quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O Filho da Noiva


Um dos meus filmes prediletos, que me toca bastante e que sempre quero rever, se chama O Filho da Noiva. É um filme argentino, se passa em Buenos Aires. Vi pela primeira vez no cinema há alguns anos.

O que mais gosto no filme é que ele trata da vida. Das pessoas e das emoções que envolvem os relacionamentos. Fala das coisas do cotidiano, de pessoas comuns... de pessoas tentando sobreviver... vivendo e aprendendo. Acho que é por isso que não curto filmes de terror. Não consigo acreditar que mortos-vivos irão invadir a cidade, que no caminho para o trabalho irei me deparar com uma cobra gigantesca ou que Freddy Krueger vai invadir meus sonhos. Ok... dá um certo medinho, mas não consigo me identificar com os personagens.

O Filho da Noiva conta a história de Rafael, um homem na faixa dos 40 anos, que tenta se dividir entre o trabalho, a filha, a ex-mulher, os funcionários, os amigos, a namorada, o pai e a mãe... que tem Alzheimer. Apesar da doença, depois de 44 anos de casados, o pai de Rafael ainda é completamente apaixonado pela esposa e decide realizar um desejo antigo dela: casar na igreja.

Pode ser ideologia, romantismo...afinal é um filme. Mas acho encantador que um amor sobreviva ao tempo com tamanha intensidade. Que alguém faça de tudo para ver outro alguém feliz, pra realizar os seus desejos.

A trama dá uma reviravolta quando Rafael tem um enfarte. A partir daí, ele começa a se dar conta de que a vida é curta e reavalia o que realmente é importante no final das contas.

O filme é um drama, mas há cenas engraçadas e tem até poesia, como a que reproduzo abaixo. No roteiro, ela foi escrita pela filha do personagem principal. Achei melhor não traduzir para o português para não perder as rimas.

"Tengo piojos en el pelo
y mi mamá los combate
me pasa un piene especial
después me dice: enjuagate

Tengo un papá que me cuenta
todo tipo de desgracias
yo me río todo el tiempo
porque me hacen mucha gracia

Yo tengo mamá y papá
ellos viven separados
pero yo los quiero igual,
me divierto en los dos lados

Se preocupan todo el tiempo
me ayudan con mis problemas
Aunque yo siempre les digo
que ya no soy una nena

Yo los voy a cuidar siempre
toda la vida, no importa
que aunque dure muchos años
mi abuelo dice que es corta."

domingo, 26 de julho de 2009

A vida que vale a pena


Esta semana assisti a uma palestra do professor da USP, Clóvis de Barros Filho. Muuito legal pra dizer o mínimo! Além de ser um ótimo orador, o professor tem um discurso cativante, bem-humorado, inteligentíssimo.

Entre outras coisas, ele falou sobre a questão primordial da filosofia: a vida que vale a pena ser vivida. O professor fez a plateia se questionar sobre o que é realmente importante para cada um. Quais os valores e desejos que nos motivam? Qual a definição de vida boa para cada pessoa?

Barros Filho nos faz perceber que não só o que é bom pra mim pode não ser bom pra você, mas que o que foi bom pra mim ontem, pode ser ruim hoje. Ele nos faz pensar sobre a velha máxima de que não há fórmula para a felicidade, ou seja, se hoje estou me sentindo feliz, não significa que se fizer as mesmas coisas, encontrar as mesmas pessoas, reproduzir a mesma rotina, serei feliz amanhã.

O professor também chamou a atenção para o fato de que muitas vezes vivemos em função de uma vida ainda não vivida, de uma vida planejada, uma vida futura que pode nunca ser vivenciada.

Quem quiser saber mais sobre o tema, pode acessar duas aulas disponíveis no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=D8_NICu4mq0 e http://www.youtube.com/watch?v=LQhv8QGMY0M.

O professor também possui um site onde é possível fazer downloads de aulas, artigos, obras e ainda conhecer o Café Filosófico, um ponto de encontro de intelectuais com os mais diversos públicos: http://www.espacoetica.com.br/.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Don Juan


O Dia dos Namorados está aí... decidi escrever sobre este mundo complexo e delicado dos relacionamentos. Namorar é ótimo, mas requer prática e habilidade. Dividir a vida com outra pessoa exige muito jogo de cintura, mas sobretudo dedicação. Isso se você pretende viver um amor de verdade!

Quem já não ouviu a frase? "O verdadeiro conquistador não é aquele que conquista várias mulheres, mas a mesma mulher várias vezes." E isso vale para homens e mulheres. Difícil mesmo é mantermos a mesma pessoa ao nosso lado.

Acho que as conquistas são importantes. Acredito que homens e mulheres que já vivenciaram alguns relacinamentos têm mais chance de dar certo ao encontrar um novo amor. Como tudo na vida, a gente aprende mesmo é na prática. Com os relacionamentos e os anos, aprendemos que na maioria das vezes tudo começa com uma paixão avassaladora... depois aparecem os defeitos, as brigas, a rotina. 

Para mim, relacionamentos maduros e duradouros, além do amor, exigem uma boa dose de dedicação. Se você não tem tempo, paciência e não está em sintonia com as necessidades e anseios do outro, sinto muito, mas a vida a dois não foi feita pra você.

O dicionário esclarece: dedicar-se é entregar-se a algo ou a alguém. Vou além: é estar pensando constantemente no outro. São pequenos atos e palavras que podem fazer toda a diferença num relacionamento: um elogio de vez em quando, uma massagem, uma comidinha feita com carinho, um presentinho sem haver uma data especial. A tecnologia pode até ajudar: uma declaração de amor no orkut, um torpedo apaixonado. Ah, flores e cartões nunca perdem seu encanto!

O que não dá pra pensar é que depois que se está namorando, a conquista acabou. A maioria de nós gosta de novidades, surpresas, pequenos agrados. São essas coisas que tornam nossa vida mais leve e faz com que nos apaixonemos todos os dias pela mesma pessoa.

Se você conhece bem os defeitos do ser amado, já passou por brigas, distância, dificuldades financeiras, dias de mau-humor e ainda assim ele consegue lhe surpreender, parabéns! Você encontrou seu Don Juan.

domingo, 5 de abril de 2009

O "se" não joga


Ao contrário do que ouço da maioria das pessoas, me arrependo mais do que não fiz do que daquilo que fiz. Infelizmente (ou não) não tive uma vida lá muito emocionante, nunca corri grandes riscos. Quase sempre foram riscos calculados. Olhando para trás, questiono se não poderia ter feito diferente. E se tivesse feito outras opções, o resultado final seria diferente?

Meus arrependimentos – se é que posso usar esta palavra para definir algo que não fiz – se referem mais ao campo profissional. Realmente acredito que deveria ter feito outras escolhas, que até poderiam não me tornar mais rica, mas quem sabe mais feliz.

Mas como costuma dizer um amigo: o "se" não joga. E ele está certo. Às vezes me pego pensando se eu tivesse feito aquilo, se eu tivesse dito isso... Ontem durante uma palestra, o ministrante alertou para o fato de que precisamos decidir o que vamos fazer daqui pra frente. O que é possível fazer a-g-o-r-a: com a idade que temos, com o conhecimento que adquirimos e na condição financeira que nos encontramos. É chavão, mas verdade: o que passou, passou... não dá pra voltar atrás.

domingo, 22 de março de 2009

Sinceridade ou grosseria?


Me considero uma pessoa bastante sincera. Por vezes até demais. Sim, porque às vezes confundimos honestidade com dizer tudo o que nos vem à cabeça. Na ânsia de sermos transparentes nas nossas relações, corremos o risco de sermos indelicados, intometidos ou mesmo desrespeitosos.

Conheço muita gente que não tem "papas na língua", que numa discussão mais acalorada "mete os pés pelas mãos" como diz a expressão. Até aí tudo bem...em tempos de supervalorização da comunicação e da interação, a maioria de nós acaba como peixe: morrendo pela boca.

Mas tem um tipo de pessoa que me incomoda profundamente: aquela que com a desculpa de ser "sincera" aproveita para falar tudo o que pensa: magoando, constrangendo e irritando muita gente. Não estou falando de quem, por descuido ou até falta de tato, acaba dizendo o que não deveria. Estou falando de gente que age com maldade e com o propósito de agredir o interlocutor. Na maioria dos casos, são pessoas muito frustradas, invejosas e mal-amadas, que se escondem atrás da máscara da honestidade para poder distribir grosserias à vontade.

Tenho certeza de que não haveria civilização se todo mundo dissesse o que pensa. Ok...tem muita gente feia, burra, metida, chata e gorda...mas a gente não precisa dizer isso na cara de ninguém. Até porque defeitos físicos, na maioria dos casos, não podem ser mudados. Sem falar que alguns comentários e até conselhos exigem uma certa intimidade.

Um exemplo disso foi visto em rede nacional de televisão. Um dos participantes do BBB9 (sim, eu assisto ao reality show), o André – cauboi que entrou no programa, foi extremamente grosseiro com alguns brothers. Além de ofender, ele deixou participantes constrangidos. Acredito que esse tenha sido o motivo da sua participação-relâmpago. André foi eliminado do programa com 71% dos votos.

Não sei se trata de um transtorno psíquico. Freud relata a existência de três componentes da psique: id, ego e superego. O primeiro, relacionado aos nossos instintos básicos. O segundo, à necessidade de controle desses instintos e o terceiro, relativo à consciência pessoal. Não sei não...mas acho que tem gente com sérios problemas de conectividade entre essas estruturas.